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       O XXII Fórum de estudos: leituras de Paulo Freire foi pensado para ser um espaço de encontros. Encontros de pessoas, de ideias, de experiências, de solidariedades, de existências e de resistências. Um encontro científico e profundamente humano. Integrado a uma história de mais de duas décadas, a edição de 2020, sediada na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) em Erechim, assume o desafio da inovação nos termos do português José Pacheco (Zé da Ponte). Para o autor: “[...] inovação é efetivamente algo novo que, em princípio, contribui para a melhoria de algo ou de alguém; que pode ser replicado, por exemplo, a partir da criação de protótipos”. 

        Portanto, fugindo dos modismos ao mesmo tempo do que da reprodução e da burocratização, o Fórum se renova e assume sua condição de estar em movimento. Observarmos que

o Fórum caracteriza-se pela itinerância em instituições de ensino superior no Rio Grande do Sul e destina-se a atualizar o legado freireano com referência da práxis da educação popular, em diferentes contextos. O fato de ser itinerante, de ter uma estrutura leve, de equilibrar a rotatividade com a permanência de membros na coordenação, faz do Fórum uma espécie de laboratório no qual permanentemente se tensiona a relação entre o instituído e instituinte, entre adaptação às instituições nas quais ele se realiza e as experiências anteriores e a ruptura com enquadramentos em institucionalidades que não se coligam à lógica do Fórum.

        Nessa linha, entendemos que o Fórum é uma “[...] rede de educadoras e educadores [que] vem se encontrando anualmente, em meados de maio, cada vez em uma nova cidade. Suas atividades e participações espontâneas reforçam vínculos, parceiras e projetos de formação”.   Portanto, a potencialidade do encontro é produzida pela sinergia entre o rigor acadêmico e o posicionamento político de quem busca a “[...] criação de um mundo em que seja menos difícil amar”.

         Longe de uma postura idealizada do cenário educacional, assumimos os desafios do nosso tempo: reinventar a escola, defender o projeto público de educação, qualificar a escola e a universidade pública e, sobretudo, afirmar uma postura diante do conhecimento, da cultura e da humanização. Em síntese, a aposta é no caráter transformador da educação.

            Ensinar e aprender; pesquisar e produzir novos conhecimentos em um mundo em ebulição; criar conexões entre os saberes populares e científicos; construir “pontes” e não “muros”; explorar a pesquisa interdisciplinar; apostar na profissão docente; defender que a educação é um direito humano, não uma mercadoria ou serviço qualquer. Esses objetivos nos animam na tarefa de compartilhar saberes.

            Nesse sentido, o Fórum como encontro é um espaço de troca, de escuta e de dizer a nossa palavra. É um espaço de exercício de uma pedagogia da pergunta, mais do que das respostas. Por isso, nossa proposta está embasada no círculo de cultura. Assim,

a partir da crítica formulada por Paulo Freire a respeito do que ele denominou “educação bancária”, o círculo de cultura dispõe as pessoas ao redor de uma “roda de pessoas”, em que visivelmente ninguém ocupa um lugar proeminente. [...] No círculo de cultura, o diálogo deixa de ser uma simples metodologia ou uma técnica de ação grupal e passa a ser a própria diretriz de uma experiência didática centrada no suposto de que aprender é aprender a “dizer a sua palavra”.  

        Dessa forma, observando a proposta dialógica nos termos freireanos, na qual “[o diálogo implica responsabilidade, direcionamento, determinação, disciplina, objetivos”   , a proposta do XXII Fórum de estudos: leituras de Paulo Freire é a construção de círculos dialógicos, compostos por um(a) animador(a), um(a) relator(a) e todos e todas que se propuseram ao encontro.

        O Fórum se projeta como um momento que tensiona a tradicional lógica de Grupos de Trabalho (GTs) de eventos acadêmicos. Compreende-se que há bom número de eventos universitários que se organizam por GTs, podendo o Fórum, conforme apresentado acima, ser um laboratório entre o instituído e o instituinte. A inscrição para compartilhar experiências e pesquisas será no Fórum, não em GTs ou Eixos. Apostamos na diversidade para a aprendizagem, na abertura para o novo, na alteridade. Isso não excluí as especialidades de cada pessoa em sua área de atuação, pelo contrário, potencializa um repertório mais denso, mais curioso e, portanto, mais científico.

           Os círculos dialógicos têm como objetivo principal fomentar a interdisciplinaridade, o pensamento complexo ou, até mesmo, a (auto)crítica de seus e suas participantes. Afinal, a educação é uma área científica complexa, ampla e implicada a um extenso quadro teórico-conceitual em seus fundamentos. Portanto, não cabem leituras simplistas em seu fazer acadêmico (pesquisa). Da mesma forma, não cabe o academicismo que despreza a prática e a experiência. O “chão da escola” (ensino) é um espaço potente de conhecimentos e seus e suas profissionais são sujeitos participantes desse processo.

        Todas as temáticas que dialogam com a obra de Paulo Freire são bem-vindas no Fórum. A ideia é acolhermos trabalhos escritos em diferentes tempos formativos, ou seja, reflexões (comunicações) sobre práticas educativas em espaços escolares e não escolares, pesquisas realizadas na graduação e na pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) e outras formas de expressão (poesia, banner, música, teatro, dança, vídeo e outras que a criatividade permitir). Os trabalhos escritos - comunicações e outras expressões - poderão ser enviados por duas formas: (1) Resumo expandido e (2) Carta pedagógica – Vide modelo na sessão “Inscrição”. Os textos selecionados para integrar os círculos dialógicos serão publicados nos anais do XXII Fórum de estudos: leituras de Paulo Freire.

          Cada participante poderá enviar até dois (2) trabalhos nas modalidades resumo expandido ou carta pedagógica. Cada trabalho não deverá ter mais do que cinco (5) autores(as). Cada autor(a) deverá realizar sua inscrição com o devido pagamento da taxa. A apresentação no círculo dialógico da comunicação deverá observar o tempo máximo de 12 minutos (tempo a combinar na sala), explorando os principais aspectos do trabalho: (a) tema, (b) objetivos, (c) base conceitual, (d) pressupostos metodológicos e (e) conclusões/sínteses/achados.

É interessante expor a forma como Paulo Freire está sendo reinventado.

          O objetivo é o diálogo. Assim, é importante termos tempo para esse exercício, bem como para sínteses em forma de temas geradores. O uso de equipamento multimídia deverá ser indicado na inscrição e deve ser utilizado somente em caso de necessidade dentro do escopo do trabalho (imagem, som). Na modalidade outras expressões, o(a) participante poderá optar em apresentar seu trabalho em um círculo dialógico ou em outro espaço da Universidade, dependendo da natureza do que exprimir. O local e a forma de apresentação deverão ser indicados na inscrição.

Venha construir essa experiência conosco!

  

 

[1] PACHECO, José. Inovar é assumir um compromisso ético com a educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019, p. 148.

[2] FREITAS, Ana Lucia Souza de; STRECK, Danilo Romeu; GHIGGI, Gomercindo. Histórias, saberes e aprendizagens em movimento. In. FREITAS, Ana Lucia Souza de; GHIGGI, Gomercindo; CAVALCANTE, Márcia. (Orgs.). Leituras de Paulo Freire na partilha de experiências. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011, p. 28.

[3] STRECK, Danilo Romeu; REDIN, Euclides; ZITKOSKI, Jaime José. Apresentação à quarta edição revista e ampliada. In: STRECK, Danilo Romeu; REDIN, Euclides; ZITKOSKI, Jaime José (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. 4. ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2018, p. 13.

[4] FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 41. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, p. 213.

[5] BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Círculo de cultura (verbete). In: STRECK, Danilo Romeu; REDIN, Euclides; ZITKOSKI, Jaime José (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. 4. ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2018, p. 81.

[6] FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003, p. 127.

PROPOSTA METODOLÓGICA

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